Esse ano decidi, depois de bastante terapia, dar um tempo nas redes sociais pra tentar me ouvir melhor. Ao abrir a mão de tantas notificações e pequenas distrações, fui atrás de entender melhor o que se passa na minha cabeça e do que realmente gosto. Não posso dizer que esse processo está concluído ou que já trago grandes vitórias, mas muita coisa mudou desde que me regrei na vida social e gostaria de discutir um pouco sobre isso.
Hoje tenho limites para as redes sociais no celular pois percebi que não faz sentido, no meu caso, exclui-las de uma vez por todas. Estou morando em uma cidade nova, conhecendo pouquíssimas pessoas por aqui, logo as redes sociais acabam sendo um elo com os amigos de longe. Além disso, é por onde costumo descobrir eventos profissionais, shows e lançamentos das bandas que curto e quando vai ter algum evento esportivo para assistir, entre outras coisas.
A princípio eu queria apagar todas as redes e usar o menos possível delas, mas depois de um tempo percebi que as redes sociais não chegam a ser um grande problema. Usando-as pelo computador, por exemplo, consigo os mesmos efeitos de conectividade social. A grande sacada tem sido diminuir o uso do celular. Infelizmente temos uma tendência de olhar o celular como uma distração diária, praticamente em todos os momentos de ócio.
Apesar de ser algo bacana, para ocupar os espaços que sobram entre compromissos, percebi que isso deixa meu cérebro constantemente ativo e preparado, o que é péssimo. De tanto estímulos e informações, termino meus dias sempre extremamente cansado, de tanto ter lido e me informado.
Hoje tenho deixado o celular longe de mim, deixando apenas os apps mais críticos com notificações ativas via smart watch, assim consigo manter a calma sabendo que não vou perder alguma notificação importante. Pode parecer bobagem, mas já evitei que roubassem minha grana de um banco digital uma vez graças às notificações. Quando começaram a movimentar o dinheiro, vi nas notificações e bloqueei tudo.
Talvez a parte mais difícil de viver em uma sociedade tão conectada seja encontrar o tão necessário equilíbrio. Hoje, com essas limitações que adicionei ao meu dia-a-dia, consegui gerar novos gostos e sentir melhor as minhas vontades. Algo que voltei a fazer, por exemplo, é ler livros. Com a mente menos exposta, sinto que consigo ter mais atenção e paciência em ler algo que precisa de tempo pra ser processado.
Outra coisa que voltei a ler são revistas semanais. Selecionei assuntos que me interessam, como atualidades e economia, e voltei a folhea-las, algo que fazia muito quando criança e adolescente. Sinto que consigo ter mais profundidade em determinados assuntos assim, além de ficar menos conectado em telas.
Por fim, tenho aproveitado momentos de puro ócio também, deixando a mente divagar para entendê-la melhor. Com isso vontades inesperadas aparecem, como a de lavar louça ou andar na praçinha que tem na rua onde moro. Talvez esse seja o grande objetivo de se desconectar:
poder ouvir melhor o que seu corpo tem a dizer e respondê-lo à altura na medida do possível.
Algo que também comecei a observar é como existem alguns detalhes de personalidade que devo valorizar. Apesar de estar me desconectando, continuo sendo uma pessoa com muitas ideias, que ama estar informada e de conhecer diferentes assuntos, contextos e situações. Por mais que levar uma vida mais leve e devagar seja algo necessário, não podemos abrir mão de tudo o que somos. Acredito que equilibrar todas essas ideias e percepções seja o desafio para os próximos tempos. Bora ver no que vai dar.