Grandes Esperanças
Essa semana terminei de ler “Grandes Esperanças”, de Charles Dickens, e acho que foi um dos livros que mais me marcou na vida. Apesar de ser um livro básico, seguindo a linha de romance de formação, ele bateu no meu coração de uma forma que poucos o tinham feito.
Acredito muito que isso tenha acontecido devido ao momento de vida que estou passando. Apesar de estarmos saindo de uma pandemia e com nossa democracia em frangalhos, tenho vivido um momento de entender melhor os meus gostos e vontades e de valorizá-los. Ler deixou de ser uma obrigação para se tornar um hobby, a ponto de eu pegar um livro qualquer na estante de casa e começar a ler, quando dá na telha.
Pode parecer algo simples, mas levei muitos anos e bastante sessões de terapia pra chegar nesse nível de saúde mental. Não que os outros livros tenham sido estranhos ou uma experiência ruim, mas esse sintetizou uma nova fase na minha leitura.
Outra coisa que fez o livro ter um fator surpresa pra mim foi o fato da leitura ter terminado de forma abrupta, quando eu menos esperava. Estava lendo a versão bílingue, que por algum motivo eu achei que fosse uma espécie de versão com trechos em inglês para posterior comparação e não um livro com duas versões em línguas diferentes no mesmo encardenamento.
Acabou que, quando achei que estava chegando na metade do livro, ele simplesmente acabou! Achei que teria um desenvolvimento muito maior dos personagens quando na verdade estava escrito um grande FIM na minha frente. Fui dormir bolado esse dia.
Nos dias seguintes fui atrás de vídeos e resenhas para entender o livro pela perspectiva de outras pessoas e valeu muito a pena, porque fez com que o ciclo de ler um livro e entendê-lo fosse completo, fechado. Antigamente eu lia um livro e, quando terminava, já partia para outro. Ler e me manter naquele universo por alguns dias fez com que a leitura fizesse mais sentido pra mim.
Mais do que estatísticas - quantos livros li esse ano? - comecei a mensurar a leitura e outros hábitos pela experiência e “aprendizados” que eles me trazem. Sem a expectativa, vale ressaltar, que eles tragam algo pra mim. Às vezes ouvir uma música não vai me fazer sentir nada, vou tirar uma foto que não dá pra aproveitar ou posso odiar um livro depois de ler mais 40% dele e tá tudo bem.
Procurar linearidades na vida faz com que a gente esqueça como o processo traz sentido para muita coisa que fazemos e como nem tudo tem que possuir valor agregado. Tenho pensado muito nisso nos últimos tempos.
Principalmente depois de comprar uma Polaroid pra Amanda, minha esposa e ver o vídeo abaixo que encontramos ao ler sobre as melhores dicas pra usar ao fotografar com essa câmera.
Vídeo: THIS is why Instagram’s recent changes DON’T MATTER
Canal: Sweet Lou Photography
Polaroid Now
Falando sobre a câmera, o aniversário da Amanda está chegando - é em dezembro - mas como uma pessoa que não consegue guardar segredos, acabei comprando uma Polaroid Now pra ela, que queria muito uma câmera instantânea.
Figura 1 - Amanda felizinha com a câmera que ganhou
Acho que foi uma das coisas mais legais que já comprei na vida! Tirar uma foto e conseguir vê-la na hora dá uma sensação muito boa, como se conseguissemos ir criando frames da vida enquanto ela passa. Apesar dos filmes serem meio caros, valem a pena para termos pequenos momentos da nossa vida registrados pra sempre. Recomendo demais uma câmera dessas.
Como tirar essas fotos é uma experiência de paciência - cada foto leva uns 15 minutos pra ficar pronta - isso acaba ajudando na percepção que tenho tido nos últimos tempos de que o trajeto e a caminhada são os melhores lugares para vivenciar a vida. Mais do que chegadas, é o caminho que leva a gente, e se soubermos aproveita-lo, a vida pode ser mais leve, mesmo que tudo esteja uma loucura ao seu redor.